quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

CARNAVAL

Quando um homem bate em uma mulher, gritamos: “Covarde”, e nos da qualquer ternura ou dó pela mulher, mas alguém já pensou, plenamente, nisso? E se fosse CARNAVAL?


Um homem bate em uma mulher


Fabiano, o homem. Márcia, a mulher, e não bastando a bofetada para derrubar Márcia pelo barranco de beira de estrada, Fabiano ainda seguiu-a pela queda e a golpeou com um facão até que não escutasse um só grito, mais.
Nessa hora não pensaria, ele, em mãe ou pai, Fabiano apenas envaidecia-se com o sangue que respingava em si como quem se pinta para o carnaval. Olhando Márcia, sem saber que aquela era Márcia, aquele homem sentiria que em fim a vida lhe dava algo: a tinta rubro soturna de uma moça que oferecia seu primeiro sangue, na beira de uma via federal, em troca de uma carona.
Após, ter o sangue prometido pela moça, já cansado, Fabiano se recompôs, carregou Márcia para dentro de seu caminhão, depois lavou o rosto com água dando fim àquela fantasia carnavalesca, ainda que desejasse profundamente um gole de pinga pura que pudesse lavar sua alma.
Sem beber, e pensar no que havia acontecido consigo, Fabiano parou na primeira Polícia Rodoviária e relatou o ocorrido aos guardas, ele confessou ter matado a moça sem o menor desejo, mas sim com a amargura de quem nunca se pintou como um folião.